Tudo começou em novembro de 1996, quando fui para um congresso da mocidade em Itaperuna/RJ, ( minha primeira viagem sozinha, rsrs, essa cidade fica 40 minutos de Muriaé/MG)e um missionário passou um vídeo sobre as Missões Novas Tribos, e sobre algumas tribos no Amazonas, fiquei apaixonada e começei a dizer que eu ia ser missionária no meio do Amazonas, faria medicina e viria para cá. Não fiz medicina, e sim enfermagem( feliz pela escolha).
No meu último ano de científico (lembro até a data da formatura 26 de novembro de 1999) essa era minha ideia fixa - ir pro Amazonas, meu pai entrava em pânico quando eu falava isso pra qualquer pessoa. Os anos foram passando, demorei séculos pra passar no vestibular, queria federal e não me via em uma particular, acabei fazendo particular.
Mudei de cidade, morei sozinha ( é bom demais da conta) tive crises de depressão, para glória de Deus to curada, fiz psicoterapia.
O desejo de vir para o Amazonas mudou de foco, passei a pensar no financeiro, vir pra cá e ganhar muito dineiro, doce ilusão!
Me formei no final de 2007, e fiquei desempregada, mudei pro interior de São Paulo em fevereiro do ano passado pra ajuda a cuidar de uma tia e arrumei trabalho no EJA ( Educação de Jovens e Adultos). Em 2008 meu cunhado foi transferido para cá pra se apresentar até 06 de janeiro de 2009, fiquei louca pra poder vir com eles, larguei o EJA e voltei pra Muriaé pra ficar um tempo com família e igreja e depois vir com eles, não deu certo em Julho e começei a achar que não era vontade de Deus. Mas minha irmã orava todos os dias pra Deus me trazer e em 14 de dezembro de 2009 cheguei aqui em Tefé.
Decidimos no dia 11/12/09 que eu viria, meu pai quase infartou... no outro dia comprei a passagem depois de cinco horas de tentativa, arrumei minha mala, despedi de parentes, liguei pra meus amigos no Rio me pegarem no domingo na rodoviaria e me levar no aeroporto depois.
No domingo despedi da igreja, chorei muito, a igreja chorou muito e oraram por mim... Peguei o ônibus 13:00 horas, cheguei no Rio as 17:30, minha amiga me buscou deu pra tomar banho, assistir o culto na igreja dela, jantar na sua sogra e as 22:00 cheguei no aeroporto, a fila do "chequim" enorme eu atrasada, corrir para o portão de embarque e parei em portão errado, me mandaram ter calma e não correr, peguei o voo, vi o Rio do alto... lindo demaixx! Vi Bh... lidimais e depois acordei quando anunciaram que estavamos sobrevoando Manus.
troquei o relógio por causa do fuso - horário....
Fiquei a madrugada inteira rodando o aeroporto Eduardo Gomes ( aeroporto de Manaus) cada loja, cada artesanato...Mas a grana tava contada até o emprego acontecer.
Quando foi 5:00 h nao aguentei mais e peguei um táxi e fui pro porto da lancha, não consegui admirar a cidade, meu jeito mineiro que floresceu aqui ,me deixou ressabiada com o motorista, e se estava me levando pra outro lugar?(poxa, pensei, porque não fiz o que meu pai mandou? pegar a placa do táxi e mandar via torpedo pra ele).
Ao chegar no porto, dei conta da maluquice que fiz, óbvio que culpa da minha ansiedade. Meu Deus me proteja! - orei rapidamente, e veio a minha mente o salmo da promessa que o Senhor me deu assim que sai de casa - "O Senhor guardará a tua alma, guardará de todo mal, guardará tua entrada e tua saída, desde agora até o final".
Meu outro companheiro no porto foi o vigia, me contou alguns casos sobre as cheias, os caminhões de entrega, dos barcos, das lanchas, de Manaus, enfim, deu pra saber um pouquinho do que me aguardava
A madrugada indo embora, e um novo dia chegando e com eles as pessoas que iriam para Codajás, Coari e Tefé. Como o cenário foi mudando... do silêncio ao barulho, do escuro para o claro, do vazio para cheio e a minha história mudando.
Entrei na lancha, meu lugar já estava reservado, tinha uma plaquinha com meu nome. Puxa, vou no corredor? Como vou ver araras, tucano, jacaré, onça, índio? Um senhor pediu pra trocar de lugar, doce ilusão!
No início da viagem a expectativa era grande em conseguir ver algum animal, mas era apenas água, água, água. Começei a cansar da mesma paisagem, então fui dormir. Dormia, acordava, aǵua, dormia, acordava, água. Variava quando eu comia, lia, orava, via filme que passava na lancha, cantarolava uma musiquinha que não saiu da cabeça a viagem inteira "Minas por trás dos montes, Minas um belo horizonte, Minas só pra te amar três corações, meu grande amor Minas Gerais"
Depois de 14 horas e meia de viagem cheguei ao meu destino - Tefé ( como diz meu amigo Daniel: pra ir pra Tefé basta ter fé), a lancha atracou no porto, era tempo de seca e se formava as praias( é "buni dimais"). Vi minha irmã, meu cunhado, choravamos, riamos, tudo ao mesmo tempo. Estava cansada, mas feliz e grata ao Senhor por tudo isso está sendo uma realidade.
Quando cheguei ao micro apartamento da minha irmã o que eu queria era banho e cama e dormi um sono e tanto com a certeza que o meu 2010 tinha chegado em dezembro de 2009.
migaa tu é corajosamente malucaaaa! cara eu não teria coragem de fazer isso não, ou teria? hehe
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